Em criança eu adorava brinquedos,
como todas, mas, para infelicidade da minha mãe, adorava oferecê-los a outras
crianças. Nessa época não havia excessos, como agora estamos novamente a tentar
interiorizar, e por esse motivo, a minha mãe perguntava o porquê…e eu não lhe
sabia responder. Infelizmente para ela, e agora como a compreendo, no dia
seguinte, mal saía do autocarro a caminho da escola,
ficava petrificado na vitrina da loja dos brinquedos. Tremendo azar da minha
progenitora porque a paragem do autocarro ficava mesmo colada à malfadada loja.
Sentia um esticão no braço e, qual botão ON de uma sirene, soltava um berro tal
que ainda hoje é falado no Bom Jesus de Braga…A história lá se repetia e alguns
dos meus colegas ansiavam a minha chegada ao infantário como nunca ansiaram por
ninguém. Nunca na minha vida fui tão desejado!
Hoje em dia, como pai, sou
provavelmente a pessoa que menos brinquedos oferece à minha filha. E quais as
razões para tão cruel atitude, perguntam os meus queridos amigos pais? Porque
eu continuei a praticar o mesmo princípio da minha infância…continuo a
oferecer, mas desta feita, mimos, beijos, brincadeiras improvisadas, tudo e
mais alguma coisa que possam imaginar. Obviamente que não deixo de oferecer
pontualmente alguns presentes e deixei-me ficar confortável na certeza de que
os avós fariam esse papel. Tudo se complementa como deve ser a harmonia
familiar, mas não me deixo seduzir pela tremenda máquina publicitária das
empresas da “arte de brincar”, porque eu tenho a experiência pratica de ver:
1.º a minha filha tem tantos
brinquedos, mas dá mais atenção a simples objectos do quotidiano que surgem do
nada;
2.º o quarto fica um caos de tanto
brinquedo para arrumar, enquanto a princesa vai aprendendo que ela é que deve
arrumar;
3.º é um tremendo desperdício de
dinheiro que poderia aforrar uma conta para o futuro;
4.º a LEGO não me pagou nada quando
propus patrocinar o meu blog (mentira)!
É essa a mensagem que passo a
todos. Para quem quer comprar o amor dos filhos com bens materiais e compensar
a ausência, deixo o meu projecto que, para já, tem resultado…não dou
brinquedos, dou amor e recebo muito mais amor do que se oferecesse muitos
brinquedos.
Há muitas formas de compensar a
ausência "industrial", como, por exemplo, fazer os próprios brinquedos com os pirralhos…e eles adoram! A nossa geração também adorava…quem não recorda os
famosos carrinhos de rolamentos? Hoje, como pais galinhas, pensamos logo em “rolamentos”
de miúdos…mas não os podemos proteger de tudo, não é? Esta é a minha voz interior
diária…é tramada…tem voz grossa, com um toque imperial!!!
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