segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Tantos brinquedos para nada…


Em criança eu adorava brinquedos, como todas, mas, para infelicidade da minha mãe, adorava oferecê-los a outras crianças. Nessa época não havia excessos, como agora estamos novamente a tentar interiorizar, e por esse motivo, a minha mãe perguntava o porquê…e eu não lhe sabia responder. Infelizmente para ela, e agora como a compreendo, no dia seguinte, mal saía do autocarro a caminho da escola, ficava petrificado na vitrina da loja dos brinquedos. Tremendo azar da minha progenitora porque a paragem do autocarro ficava mesmo colada à malfadada loja. Sentia um esticão no braço e, qual botão ON de uma sirene, soltava um berro tal que ainda hoje é falado no Bom Jesus de Braga…A história lá se repetia e alguns dos meus colegas ansiavam a minha chegada ao infantário como nunca ansiaram por ninguém. Nunca na minha vida fui tão desejado!

Hoje em dia, como pai, sou provavelmente a pessoa que menos brinquedos oferece à minha filha. E quais as razões para tão cruel atitude, perguntam os meus queridos amigos pais? Porque eu continuei a praticar o mesmo princípio da minha infância…continuo a oferecer, mas desta feita, mimos, beijos, brincadeiras improvisadas, tudo e mais alguma coisa que possam imaginar. Obviamente que não deixo de oferecer pontualmente alguns presentes e deixei-me ficar confortável na certeza de que os avós fariam esse papel. Tudo se complementa como deve ser a harmonia familiar, mas não me deixo seduzir pela tremenda máquina publicitária das empresas da “arte de brincar”, porque eu tenho a experiência pratica de ver:

1.º a minha filha tem tantos brinquedos, mas dá mais atenção a simples objectos do quotidiano que surgem do nada;

2.º o quarto fica um caos de tanto brinquedo para arrumar, enquanto a princesa vai aprendendo que ela é que deve arrumar;

3.º é um tremendo desperdício de dinheiro que poderia aforrar uma conta para o futuro;

4.º a LEGO não me pagou nada quando propus patrocinar o meu blog (mentira)!

É essa a mensagem que passo a todos. Para quem quer comprar o amor dos filhos com bens materiais e compensar a ausência, deixo o meu projecto que, para já, tem resultado…não dou brinquedos, dou amor e recebo muito mais amor do que se oferecesse muitos brinquedos.

Há muitas formas de compensar a ausência "industrial", como, por exemplo, fazer os próprios brinquedos com os pirralhos…e eles adoram! A nossa geração também adorava…quem não recorda os famosos carrinhos de rolamentos? Hoje, como pais galinhas, pensamos logo em “rolamentos” de miúdos…mas não os podemos proteger de tudo, não é? Esta é a minha voz interior diária…é tramada…tem voz grossa, com um toque imperial!!!







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