Tenho recordações contraditórias do
dia em que vi, no encharcado teste de gravidez, os traços vermelhos de uma
futura paternidade. Claro que ninguém discute que o período de gravidez é
vivido de formas muito opostas pelo pai e pela mãe. Alguma leitura nesta área
leva-nos a constatar, em recentes estudos, que há mitos que se quebraram. Há
pais que vivem o período de gravidez de forma mais intensa do que as próprias
mães. Os estudos valem o que valem e, no meu caso, dou-lhes a importância merecida
e estabeleço analogias com a minha experiência pessoal.
Como referi, esse dia foi um
misto de pânico e felicidade. Após o teste fui trabalhar e pairava a sensação
de twilight zone...tinha a cabeça a
mil. Depois veio a fase de auto motivação. Vai ser bom…como és curioso, será um
desafio fantástico. Só não tinha a completa noção que ERA o desafio da minha
vida.
Os dias e meses foram passando e
continuava a sensação de quadro abstraccionista…eu olhava e retirava milhares
de emoções!
Mas chegou o momento (não o da
cesariana) da ecografia em que ouvi e vi pela primeira vez o pequeno coração da
minha princesa a bater. Nesse instante absoluto, o mundo parou e apenas ouvia
aquele “tum-tum” e o meu olhar pregava-se no monitor. Chorei. Não contive as
lágrimas nem queria conter. Foi uma emoção visceral…tão intensa, diferente da
cesariana a que assisti.
Após esse som, a mãe passa a
estar numa posição de importância ainda mais elevada…carrega o nosso
progenitor. Então, algo se passa, e tornamo-nos muito pacientes. Eu pelo menos
assim pensava, porque tinha a consciência de que, quanto mais tranquila a mãe
estivesse nesse 9 meses, mais tranquilo seria o herdeiro (vale o que vale!).
Nesses nove meses, as mães vivem
uma experiência que nunca partilharemos…pelo menos até eu falecer, atendendo ao
evoluir da medicina! No entanto, o pai só começa a sentir o verdadeiro peso, em
toda a abrangência desta palavra, quando a criança nasce e começamos a vergar a
mola para trocar fraldas…corrigindo…o pai só começa a sentir-se pai quando
sente o toque e cheiro da sua filha pela primeira vez. Nada é comparável neste
mundo. E é a essa recordação que nos agarramos quando pensámos, nos anos que se
seguem, o que fui fazer?
Pergunta: o que fazer para um pai ultrapassar, de forma harmoniosa,
os 9 meses de gravidez?
Resposta: Sair a trabalho para o estrangeiro e regressar no dia do
parto…
Alguns conselhos úteis para os pais durante a gravidez:
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