terça-feira, 17 de setembro de 2013

A dúvida da paternidade. Volume I.


Tenho duas mãos com cinco dedos cada…e são muitos os dedos para contar os homens que conheço que quiseram, de forma convicta e determinada, ser pai. Há um problema de evolução da espécie humana, na vertente macho, que determina que “nunca, em momento algum, ficarás preso a nada”. A mulher, fêmea, ri-se quando ouve falar nesta dúvida existencial que mina a mente do homem, mas conhece-a bem. O riso sarcástico é muito perverso, como a mente evolutiva da mulher…pois é, o perverso não é só para nós. 
A mulher evoluiu ao longo destes milhões de anos para aperfeiçoar apenas uma certeza…a de procriar, mesmo sem convicção do acto, o que é dramático em muitas situações. Mas, regra geral, a mulher “transforma-se” hormonal e psicologicamente para esse momento. Conheço quem afirmava que não tinha instinto maternal e que mudou radicalmente. 
Relembro uma aula de pré-história em que o professor referia o facto de que a fêmea, nos primórdios da humanidade, aperfeiçoou esse instinto ao ponto de simular o cio. Como qualquer espécie, a humana também tinha períodos de cio, momento em que o macho se aproximava, convicto, acasalava e depois…dava à sola!
A fêmea…provavelmente Australopithecus Afarensis percebeu que, se o macho sentisse sempre o desejo sexual, não abandonaria o lar com facilidade e, portanto, as crias ficariam mais protegidas na savana…claro que tudo levou milhares de anos a apurar. Ainda hoje apuram!
O homem assusta-se com o momento da paternidade e com razão. Se repararmos, o homem não tem ligação física ao filho mas mental…e como nos assustamos com as ligações mentais!
Bem ditas as coisas, o homem é arrastado para a paternidade…porque nunca, em momento algum, se sente preparado. Foi geneticamente evoluindo para o momento de partir. 
Eu sofri dessa sensação de nunca estar preparado e nunca estive…mas há o dia, se houver, em que é um facto consumado e então o nosso mundo dá uma volta de 360 graus. Quando sentes o cheiro da tua filha, a apertas nos teus braços e a acaricias, quando olhas nos seus olhos e te revês, não tens retorno, a não ser que sejas um absoluto insensível. Lês tudo o que acabei de escrever e concluis que, afinal, também o macho alfa evoluiu e se apurou…

Hoje, quando a minha filha me perguntou, ao regressar do infantário:

- Pai, estás contente?

Eu respondi:

- Porque perguntas isso, filha?

- Porque gosto de ti…

Meus amigos e queridos pais…fiquei com um nó na garganta que só o consegui desatar quando ela me voltou a perguntar:

- Podes cantar a música do festival do Panda????

O macho alfa evoluiu e tornou-se lamechas e a fêmea continua interesseira…música do festival do panda…pois...


E a evolução deu nisto:


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