sábado, 14 de setembro de 2013

Sexta-feira 13...


Não sou supersticioso…mesmo nada. Mas ontem, quase acreditei que era, não fosse o amor e humor da minha filha. Mas deixem-me contar sem muitas demoras.
Ela esteve doente com escarlatina que foi diagnosticada com rapidez e a medicação fez com que os sintomas passassem depressa. De qualquer forma, ficou em casa durante 2 dias…2 longos e fatigantes dias para o pai, porque para a minha filha, mesmo doente, a energia não esgota. Tanto assim que nas urgências do hospital, com 39 de febre, brincava nas casinhas da pediatria, na cozinha, queria comer bolachas de outra menina, enfim, incansável.
Nos dias da doença, ouvia-se pelo apartamento, aliás…condomínio:

- Papá, vens brincar comigo, vens? Papá agora os legos, agora um puzzle, agora pintar, agora brincamos aos bombeiros, agora com as ferramentas, agora sou mãe do bebé, agora lê um livro, agora quero sumo, água, um iogurte.

Agora, agora, agora…a palavra preferida da minha princesa. Parece que ainda “agora” a estou a ouvir e já é sábado...
Mas ontem, já com 24h sem febre, liguei para o infantário a informar que a “Scarlett” voltava à companhia de amiguinhos e educadoras. Deixei-a aos berros nos braços ternurentos das XPTOS que são do melhor que há…aliás…o infantário onde a princesa “habita”, é fantástico.
Estava de óculos de sol e deu para ocultar alguma humidade que me atacou de repente (é que estamos perto do mar) enquanto descia as escadas e ouvia:

-Papá, eu quero ir contigo!!!

Eu sabia que pouco tempo depois o drama terminaria, mas estava num dia particularmente sensível e conduzi com a sensação de vazio. No meu cérebro apenas habitava “quando a vier buscar, vou enchê-la de beijos!”. Claro que quando lá cheguei ao final da tarde, já ela sorria e pulava de alegria.
E tão alegre a princesa viajava na sua cadeira que o discurso foi hilariante:

- Papá, hoje és o filho e eu o pai. Pode ser?

- Pode filha, eu sou o filho…

- Não papá…não sou a filha, sou o papá! – afirmou convicta.

- Ok, és o pai…e o que fizeste hoje?

- Hoje fui trabalhar, fiz contas e fiz compras nas lojas! E tu, filho?

- Eu fiquei na escola a brincar no pátio, com os amigos XYAZ…

- Não ficaste nada! Esses amigos não são teus, são meus!!!

Este discurso convicto continuou até casa. Depois fomos para o jardim porque ela queria apanhar flores, e lá andei eu a apanhar flores durante 1 hora…malditas costas!
Chegados a casa, acabadinha de limpar, um mimo, a princesa tenta abrir uma porta de armário que sabe que não pode. Ouviu um NÃO vigoro e eu levei com o belo som de uma birra e um xixi no chão…tão limpinho!

- Então fizeste xixi no chão? Porque não pediste para ir à sanita? Foi de propósito?

- Sim pai, foi de propósito…

- E achas bem?

- Não pai, não acho…desculpa…um beijo!

E deu-me um beijo sonoro e rumou para o seu quarto enquanto eu preparava a esfregona, o balde e o líquido para madeiras…malditas costas!

Há momentos em que nos relembramos da nossa infância e como fazer xixi no chão era quase motivo para ser escorraçado da família…mas hoje não é assim. E toca a recolher oxigénio nos pulmões, mas sem exagerar, para não hiperventilar e cair para o lado! Aliás, talvez fosse boa ideia cair para o lado e ter uns momentos de inconsciência…

Pergunta: o que fazer quando a nossa filha nos diz que agora ela é o pai?

Resposta: aceitamos rapidamente!


Para quem tiver muita vontade ou não, ajudem nas sondagens:



Sem comentários:

Enviar um comentário

Número total de visualizações de páginas