sábado, 7 de setembro de 2013

E, se por um dia, deixássemos de ser pais…



Os fins-de-semana são sempre uma tragédia para qualquer pai de filhos pequenos e, provavelmente, uma tragédia para filhos maiores. Mas, convenhamos, a coisa complica-se quando somos pais pela primeira vez já com alguma idade. Isto porque a lei natural das coisas dita que tenhámos acumulado alguma experiência, muitos vícios, e, sobre tudo, a terrível sensação de perda do dolce fare niente…mas isso são águas passadas e não há volta a dar, a não ser que renuncies ao filho…e…já lá volto ao assunto.


Este sábado decorreu em Gaia o Porto Wine Fest e, catraia debaixo do braço, já previamente almoçada, infelizmente sem sesta a preceito, lá fomos com os avós maternos como convidados…
Primeira paragem no parque do Conde das Devesas…o conde poderá ter tido muita sorte no seu tempo e o solar e a quinta magníficas na época…mas hoje…muito a sério…esqueçam ou a coisa dá uma volta tremenda!!!
Rumámos para o Porto Wine Fest e pensei que estavam reunidos os pressupostos perfeitos para uma perfeita tarde de sábado: o álcool relaxaria a mente, músculos, paciência e muito mais. O sol estava soberbo, a paisagem intocável e os sogros completariam o ramalhete com a atenção da minha filha redobrada nos avós…e eu teria a merecida folga!
Mas, não foi assim…a princesa começou por adormecer no carro quase quase a chegar ao cais de Gaia. Decidimos que, mesmo assim, viajaria para o festival…passa pelo colo da mãe, viaja para o colo do pai, entra no recinto e eu, qual atento pai a 100%, procuro um poiso seguro. Felizmente encontrei uns belos sofás com vista privilegiada sobre o Douro e o Porto. Após uma meia hora de sono, a princesa arrebita um olho, queixa-se que a paisagem não lhe é familiar e senta-se. Eu já tinha despachado dois cálices de Porto LBV para retemperar forças e contemplar a paisagem como faria antes da paternidade, sem preocupações de cair ao rio…mas agora a princesa salta, eufórica na minha barriga e exige uma corrida…várias corridas na margem do Douro. Pois é, amigos pais…conhecem a sensação…mas com o torpor do álcool a coisa complica-se. Apenas ajuda no redobrar da paciência.
Vieram umas tapas de queijos que a filha adorou...alguns...e fez uma cara de terror para outros…mas lá recuperou do sono e da fome.
Eu já levava 6 cálices e procurava o 7.º quando ouço…nessa procura solitária…papá, papá!!! Estás aqui???
Nesse instante a mãe tentou salvar-me, como tenta sempre, de mais um momento de “cola”…mas desta feita não correu bem e voltou à base no meu braço esquerdo, enquanto lutava para que o direito equilibrasse o LBV.
O avô contemplava o Douro e, ao ver a princesa, tentou que eu saboreasse em paz o meu LBV. Sentei-me na relva, um pouco afastado e, por momentos, voltei a um passado em que não olhava pelo ombro, à socapa, como se estivesse a cometer um crime…
Mas este breve lamento foi arrasado quando a minha filha apareceu de repente, num sorriso rasgado, e disse:

- Papá…estás contente?

E eu disse:

- Agora estou, meu amor!

O resto do dia correu bem e fizemos um passeio de barco pelo Douro...aliás, muito bem incluído no bilhete do festival.
Cheguei a casa dos meus sogros e estava a dar o US Open…para quem percebe de ténis conhece os nomes de Djokovic e Wawrinka…e o segundo foi muito falado porque decidiu deixar a mãe e o filho para se dedicar em exclusivo à carreira de tenista…não sei os pormenores, nem me interessam…uma coisa é certa…por muitas saudades que tenha do passado, o abraço e frase de hoje, valeram por milhões de dólares de prémios!

Pergunta: O que fazer quando a nossa filha quer beber um copo de Porto?

Resposta: Aguardar uns anos e responder!!!

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