Hoje chove muito, mas não tanto como na sexta-feira passada. Hoje chove e chove na cabeça de todos os pais que tentam pensar no que fazer em dias assim, com a perspectiva fascinante de um Domingo eleitoral, num dia apenas abrilhantado pelas boas notícias no mundo do ténis e ciclismo. Mas essas notícias, ainda que atenuem o esforço, não ajudam na ocupação dos rebentos quando rondam os 2 anos...o que nos poderá salvar é apenas a nossa imaginação. Por isso recordo algumas frases ditas no passado: gosto de alguns dias de chuva...servem para namorar, pôr a leitura em dia, ver um filme no quentinho, abrir uma boa garrafa de tinto, enfim, enfim, enfim...essas frases ficaram na gaveta dos dias passados. Talvez agora as reencontre ao reler os Românticos, quem sabe.
Por imperativos, rumámos em direcção ao shopping...e como estava lotado. Cruzava-me com rostos de pais desesperados, que atiram os meninos para os parques a abarrotar e relembram, como eu, os dias de chuva românticos. Quem gosta dos dias de chuva? quem não é pai de crianças pequenas...
Mas mesmo em dias de chuva, a minha princesa consegue surpreender-me. No regresso do "inferno", ela decidiu que queria levar um livro/puzzle na sua poltrona. Puzzles, carros, movimento, são absolutamente incompatíveis. Apesar de explicar os contras, nada como a experiência para ver como não funciona alguma coisa ou como ficamos indispostos com livros, carros e movimento.
Enquanto conduzia, a conversa animou:
- Papá, não faças assim! - disse autoritária.
- Assim como? - perfeitamente consciente de que se referia às curvas.
- Vai a direito, por favor!
- Mas não pode ser, filha. Eu tenho de curvar para não termos um acidente.
- Papá, vai a direito, pode ser? Não consigo fazer o puzzle!
Amigos, fiquei a rebentar. O dia de chuva clareou, de repente, como um milagre bíblico. O diálogo foi como um bálsamo que transformou um dia cinzento, num painel de cores. E o Domingo correu lindamente...ainda corre.
Para quando não temos ideias:
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