Mesmo durante o meu sono agitado, parece-me ouvir a sua vozinha:
- Pai, pai, pai...dá-me a tua mão.
Nesta semana, o novo episódio da novela Pai e Filha foi assim:
- Pai, pai, pai...dá-me a tua mão. Anda ao meu quarto brincar...
- Pai, pai, pai (a minha filha gosta de triplicar as palavras, em jeito de massacre!) anda rápido porque preciso de ti...
- Mas já te disse que estou no computador!
- Desliga rápido. Isso não interessa!
Como vê que eu não vou, então decide encetar o plano B. Senta-se no chão e abre a goela num lamento profundo, tão profundo que quase me convence, não fosse a ausência total de lágrimas. Como já dominas a arte do drama, minha querida pequena princesa!
Então é a minha vez de avançar com o meu plano B. Sento-me ao seu lado e começo num lamento clonado.
Ela olha, perplexa, e diz:
- Pai, pai, pai, tu não podes chorar...só eu!
- E porque não posso chorar? - respondo no limite da gargalhada.
- Porque só eu é que posso chorar...tu não!
E volta ao lamento profundo, qual animal ferido de morte, com o apêndice do "beicinho" que nos deixa quase quase com vontade de a agarrar e encher de beijos e mimos. Nesse momento, vacilamos com a informação retida e a certeza de que não podemos abrir um precedente.
Volto ao computador, ouço mais um choro e, lentamente, o lamento esmorece e a princesa ergue-se, como se nada fosse, e dispara mais um dos seus clássicos preferidos:
- Pai, estás contente?
- Estou sempre contente quando não estás a chorar. Gostaste quando eu chorei ao teu lado? Não gostaste, pois não?
Ela sorri e suspira, malandra:
- Gostei!
Ai, ai, ai...pega lá a chaves do carro e desaparece...deixa-me dormir!!!
Deixo aqui informação interessante para futuros e presente pais:
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