domingo, 22 de setembro de 2013

Quando a procissão ainda vai no adro...


Tenho a memória de uma infância feliz, entre família e amigos, com risos e festa, guitarras e música, bem ao jeito da minha avó materna e do meu avô paterno. É nessa memória que fomento a relação da minha filha com os avós, seja em que contexto for. Ela tem o privilégio de ainda conviver com todos os avós, mesmo tendo eu sido pai aos 39 anos. É um facto relevante se considerarmos que, um par de anos antes, essa realidade seria fruto do acaso. De qualquer forma, também eu conheci todos os meus avós, mas se o meu pai tivesse abraçado a paternidade aos 39 anos, apenas teria conhecido os meus avós maternos...por isso, é mesmo um privilégio o que a minha filha vive.

Os avós são uma peça chave na educação de uma criança. São a ligação entre o presente e a tradição do passado, um apoio emocional quando um filho tem a necessidade de procurar o conselho para além dos pais, de quem esteve na origem de tudo o que, para ele, faz sentido. Geneticamente ele existe porque eles, avós, nas suas vidas, decidiram ter filhos. Uma cadeia de sensações, de genes e cromossomas...uma cadeia de amor como sempre deveria ser.

Ontem a noite estava soberba. Rodeados de amigos senti-me feliz. Por um lado, tinha a família ao meu lado e, do outro, os amigos que nos fazem sentir bem e acarinhados. 
Não há nada no mundo que pague essa sensação. E ver a minha princesa a dançar, feliz, ambientada, fez-me sentir que vale a pena abdicar de muita coisa, ainda que no final da noite, com a pirralha a ressonar, apeteça o último copo que pode arrastar-se infinitamente, como sempre se arrastou na minha vida passada. 
Mas agora, poderás reconsiderar esse copo e decidir...vou levá-la para casa, terminar esse mesmo copo na noite que finda e na segurança do lar. 
Apetece-te ficar na noite sem horas, mas abdicas...abdicas em prol do amor pela tua filha e pela certeza de que pelas 7/8 horas da manhã ela estará a berrar:

- Pai, pai, pai, vens brincar comigo, vens?

- Filha, o pai quer dormir mais um bocado, pode ser?

- Não, não podes...já é dia e vamos brincar!

De repente, a tua cabeça estala e arrependes-te daquele último copo...como te arrependes!



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