sábado, 1 de fevereiro de 2014

Isso não é importante!


Para mim as manhãs são sempre duras…muito duras. O meu relógio biológico é mesmo assim. Começo lentamente, num estado de letargia, mas eficiente. Tomo banho em transe, corto a barba como se a lâmina tivesse vida própria, bebo água para purificar e…continua tudo igual.
Por volta das 10h da manhã, o meu cérebro começa a dar sinais de vida “racional”…já estrutura alguns raciocínios complexos, já começa a ter vontade própria. Ao longo do dia essa actividade cerebral vai aumentando até atingir o pico por volta das 23h. Aí, com o clã feminino a dormir, ele continua activo e nesse momento parece sorrir…estás sozinho e podes dar largas à imaginação. Depois apaga-se lentamente, por volta das 2 ou 3 da manhã. É a realidade.
Um destes dias, a minha filha, que geneticamente parece ter herdado esta minha tendência, mas com a variante extremamente positiva de acordar a sorrir, fruto dos genes da mãe, teimou, como sempre, em não dormir.

- Filha, já é tarde. São horas de dormir!

- Mas eu não quero. Vamos brincar…

- Amanhã brincamos. Pode ser?

- Não…quero agora! (determinada, esta catraia).

Solto um berro, coisa que raramente acontece para ser eficaz, rebentam lágrima e ranho, quebra-se silenciosamente o meu coração, mas mantém-se a decisão.
Já com ela na cama e mais sossegada, tento explicar a necessidade de dormir. Ela parecia muito atenta, o que me incentivou a um discurso mais longo. O silêncio que se fez sentir deixou-me com a impressão de que tinha adormecido finalmente…de cansaço.

Num movimento leve de anca, tento erguer-me para sair do quarto, quando ouço:

- Isso não é importante!

Pergunta: O que fazer quando a nossa filha argumenta com determinação?

Resposta: Anotamos os argumentos, lemos artigos científicos, fazemos apontamentos, marcamos hora com ela para futuro debate...

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