sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A ternura do toque


Sou terrivelmente insatisfeito. Desde que me conheço que sou assim, absurdamente insatisfeito. Consegui sobreviver a esta sensação fazendo o máximo de actividades, sempre diferentes e aprendendo a cada dia que passava. Sempre fiquei com a certeza de que se aprendesse algo diferente todos os dias, acabaria a minha vida terrena mais completo. E continuo a pensar assim…mas com menos tempo para mim.

A vida é perfeita na sua imperfeição. Nós é que muitas vezes não estamos minimamente atentos a nada, nem damos importância a simples momentos. Eu falo com a certeza destas palavras que escrevo, porque sou um dos que ignora muitas vezes os sinais que a vida nos dá.

Mas hoje, enquanto estava deitado ao lado da minha filha, a ver desenhos animados na televisão, senti como podemos atingir a felicidade com tão pouco, quando queremos tanto. A mão dela deslizava lentamente na palma da minha mão. Aqueles pequenos dedos, ainda mais pequenos na proporcionalidade, numa cumplicidade e ternura, deixaram-me profundamente relaxado e feliz. E quanto me comoveu e quanto me revoltou, por não saber gerir a minha insatisfação diária, quando talvez precise de tão pouco, que já é por si tanto…



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