Volto à escrita após as festas que nos consomem…a nós, pais. Mas
feitas as confissões, apresento os meus sinceros e conformados pedidos de
desculpa pela ausência. Não que me sinta um profícuo escritor, mas
há quem se tenha habituado e queixado…eu sei. Poucos, mas fiéis… como os tempos em que vivemos.
Regresso com um tema tão simples como cheirar. E, quem me lê
agora, algures num computador ou tablet distante, poderá inalar ao redor e
reflectir sobre o que sente. Rejeitando de imediato os odores que detestamos e
concentrando-nos no que amamos…resta-nos não uma Carolina Herrera ou Hugo Boss
mas os cheiros do nosso passado.
Estudos recentes comprovaram a eficácia do olfacto
a vários níveis (esqueçam o acasalamento…já sois pais o suficiente ou quereis mais
filhinhos? O Governo e as futuras gerações agradecem, caso pensem continuar sem o apoio dessa incansável marca Control...ou similar!).
Voltando ao tema dos cheiros...no meu caso pessoal, tenho a memória viva do cheiro da minha avó
paterna que faleceu tinha eu 8 anos. Mas ainda hoje, quando me cruzo com uma
senhora de idade com esse cheiro de perfume (o que é mesmo muito raro), sinto o
calor intenso das lágrimas que cavalgam e teimam em derrubar a barragem das
minhas pálpebras e memória...
O outro odor é o do meu avô materno. Para além do toque peculiar das
suas mãos que dizem que eu herdei, há a imensa intensidade do cheiro
das tintas a óleo dos seus quadros, mãos, bata, pincéis, pele, tudo…tudo
impregnado, tudo vivo, tudo saudade.
Mas porque vos falo nos cheiros, odores, toques e afins? Porque
hoje, ao fim do dia, tenso como muitas vezes me sinto, tentando esconder de
mim e da minha princesa essa tensão, deixei-me ficar numa carícia eterna nos seus cabelos
acastanhados com toques de oiro e no seu imaculado cheiro a não sei o quê…que momento sem palavras na sua simplicidade. Quantos de nós, pais, passamos ao largo de um simples sentir.
Foi uma
combinação de gerações que, por momentos, vieram revisitar-me como há muito não
acontecia.
Olá avó e avô! Esta é mais uma das vossas bisnetas! saudades imensas...
Vamos às aulas:
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