quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A memória dos cheiros


Volto à escrita após as festas que nos consomem…a nós, pais. Mas feitas as confissões, apresento os meus sinceros e conformados pedidos de desculpa pela ausência. Não que me sinta um profícuo escritor, mas há quem se tenha habituado e queixado…eu sei. Poucos, mas fiéis… como os tempos em que vivemos.

Regresso com um tema tão simples como cheirar. E, quem me lê agora, algures num computador ou tablet distante, poderá inalar ao redor e reflectir sobre o que sente. Rejeitando de imediato os odores que detestamos e concentrando-nos no que amamos…resta-nos não uma Carolina Herrera ou Hugo Boss mas os cheiros do nosso passado.

Estudos recentes comprovaram a eficácia do olfacto a vários níveis (esqueçam o acasalamento…já sois pais o suficiente ou quereis mais filhinhos? O Governo e as futuras gerações agradecem, caso pensem continuar sem o apoio dessa incansável marca Control...ou similar!).

Voltando ao tema dos cheiros...no meu caso pessoal, tenho a memória viva do cheiro da minha avó paterna que faleceu tinha eu 8 anos. Mas ainda hoje, quando me cruzo com uma senhora de idade com esse cheiro de perfume (o que é mesmo muito raro), sinto o calor intenso das lágrimas que cavalgam e teimam em derrubar a barragem das minhas pálpebras e memória...
O outro odor é o do meu avô materno. Para além do toque peculiar das suas mãos que dizem que eu herdei, há a imensa intensidade do cheiro das tintas a óleo dos seus quadros, mãos, bata, pincéis, pele, tudo…tudo impregnado, tudo vivo, tudo saudade.

Mas porque vos falo nos cheiros, odores, toques e afins? Porque hoje, ao fim do dia, tenso como muitas vezes me sinto, tentando esconder de mim e da minha princesa essa tensão, deixei-me ficar numa carícia eterna nos seus cabelos acastanhados com toques de oiro e no seu imaculado cheiro a não sei o quê…que momento sem palavras na sua simplicidade. Quantos de nós, pais, passamos ao largo de um simples sentir. 
Foi uma combinação de gerações que, por momentos, vieram revisitar-me como há muito não acontecia. 
Olá avó e avô! Esta é mais uma das vossas bisnetas! saudades imensas...



Vamos às aulas:

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