Hoje fiquei contido quando ouvi a minha princesa falar que o
cão imaginário dela estava doente e que, se não fosse ao veterinário, poderia
morrer. Assim, do nada, quando nunca em casa ouviu falar em morte, ela, claro,
ouviu algures.
Nos últimos meses até decidimos não abordar o facto do gato
N. ter sido abatido…mas ela perguntou, claro, e nós dissemos rapidamente que foi para um lugar dos animais velhinhos…a coisa resultou.
Mas a verdade é que o assunto é real e não há tempo que
resolva o fim do tempo terreno. Por isso, perguntei simplesmente:
- Filha, sabes o que é morrer?
- Não, o que é morrer?
- É…partir para um lugar tranquilo e feliz…
Foi o que me
ocorreu responder, na certeza de que voltarei ao assunto de qualquer forma. A
nossa herança católica, pesada e negra sobre a morte, leva-nos sempre a esquivar
o assunto. Não sabemos como lidar, nem nunca saberemos, a não ser que voltemos
a nascer num país asiático ou africano onde celebram a morte como a vida…não
aqui, onde vivemos.
- Isso parece bom. Mas vamos ao veterinário que
ele tem a pata ferida e pode morrer.
- Vamos, querida. Claro que que sim.
- Não vai para esse lugar…vai brincar!
Abordando o tema:
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