Amigos pais, desde que a minha
filha nasceu que sinto que tudo na vida parece mais complicado. Deveria ser exactamente
ao contrário, atendendo ao nível de felicidade do momento. O problema é mesmo a
questão da idade. Já abordei este assunto e não quero ser chato, mas
rapidamente repasso pela questão da paternidade tardia. Acredito que ela é
saudável quando atingimos o equilíbrio interior e exterior que faz com que
tenhamos uma tremenda dose de paciência. Mas quando estamos a viver momentos
como o que atravessamos agora, de crise generalizada, não conseguimos deixar de
sentir um nó no estômago quando olhamos para a nossa filha. Bem sei que tudo é
cíclico, que a vida vai-se definindo, que já ultrapassámos fases complicadas,
que no tempo dos nossos pais e avós…é tudo verdade, mas nessa altura eu não era
pai.
É difícil estarmos sempre à
altura do momento, sermos pais a 100%, com um sorriso nos lábios, disponíveis
para brincar com os legos ou beber o chá feito na cozinha da nossa menina.
Regra geral é um prazer. Também é certo que cada um exige de si o que entende.
Eu talvez exija demais e, por isso, volta e meia, esta sensação.
Ontem a minha filha chegou do
infantário com duas ferradelas no braço…olhei, entendi que
estava tudo normal, fruto da ordem natural das coisas. Fomos no carro em amena
cavaqueira, a cantar. Em casa brincámos de tudo e mais alguma coisa e só
interrompemos quando ela quis jantar. A mãe chegou do trabalho e a princesa já
estava pronta para o banho. Começou a fazer ligeiras birras com o banho, mas
fiz uma sugestão para que a Minnie partilhasse a água e isso agradou a ponto de
não querer sair da água. A primeira grande birra ganhou forma quando a mãe
tentou vestir-lhe o pijama. Infelizmente o meu rebento está geneticamente
preparado para nunca querer dormir, como muitos dos nossos filhos. Chega a hora
de dormir e eles desfazem-se em graças, cantigas, jogos e frase como:
- Já é noite? Ainda não vou
dormir, pois não?
- Não filha, ainda podes brincar mais um bocadinho…
Ontem ela parecia tensa, irritada e eu deduzi que as birras tivessem origem na tensão e ferradelas da colega da escola.
Foi dormir, após resistir, num
lamento profundo que apenas cessou com um berro determinado (que só uso em
doses mínimas para garantir o efeito). Pensei que no dia seguinte a princesa
acordaria bela e bem disposta, como sempre.
Acordou pelas 5 da manhã numa
conversa animada que ouvi pelo intercomunicador. Pareceu que já me tinha
perdoado o berro. Como era muito cedo e tanto eu como a mãe estávamos KO’s…ela
foi excepcionalmente convidada para a nossa cama, mas acordou novamente pelas 7
após rebolar com frequência.
A manhã foi de caras mal-humoradas…aqueles
dias em que questionamos o porquê da paternidade (bem cá dentro de nós e
rapidamente) e fazemos tudo com celeridade para que a princesa seja entregue no
infantário para podermos respirar.
Mas senti que ela não estava
normal enquanto conduzia. Pelo espelho reparava no rosto caído e pensei: “é o
sono”. Chegou rapidamente ao infantário, para meu alívio, e ficou tranquila,
sem birras, como é normal. Dei-lhe um beijo e desejei-lhe um dia feliz.
Pelas 11 da manhã recebo um
telefonema do infantário:
- a sua filha está com 38,8 ºC. de
febre!
Naquele momento, senti-me o pai mais injusto do mundo. É uma fase tão difícil. Não conseguimos separar muitas vezes a birra verdadeira da birra de quem está a ficar doente…não somos perfeitos…mesmo que queiramos muito!
Pergunta: O que fazer quando a nossa filha faz birra?
Resposta: ...depende...
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