Todos sabemos, adorados pais, que o poder do olfacto e todas as suas variantes, níveis de tolerâncias, tomam uma dimensão completamente diferente quando atingimos o grau da paternidade. Ninguém se esquece do que passou com o cheiro dos pés de uma namorada, o hálito de outra, a sovaqueira do empregado do café da esquina, enfim, o descalabro odorífico desta nossa sociedade de bons costumes onde todos, mas mesmo todos, estamos incluídos.
Fui pai aos 39 anos, mas tive
sobrinhas a quem troquei a fralda (e coloquei ao contrário), mesmo filhas e
filhos de amigos, que, volta e meia, insistiam para que a conversa continuasse
no quarto enquanto moldavam uma pasta mal cheirosa e em
tons…digamos…amarelados. Por isso, possuo um mestrado em “odorifologia”. Eu
nunca me esqueci desse lamento, qual animal ferido…pela narina…e dispensei
amigos e avós da apoteose “ternurenta” da troca de fralda da minha adorada
filha. Nesse momento, atingi o doutoramento em “odorifologia”…
Mas, espantem-se os
inexperientes, o cheiro dos nossos rebentos compete com uma Carolina Herrera ou
Hugo Boss…minto…a certeza do cheiro impossível existe, mas é abalroado, qual
camião TIR, pela ternura da paternidade! Que lindo…vou ali vomitar e já venho
para escrever o resto do post!!!
Afirmo novamente, o cheiro dos nossos filhos é completamente diferente…é algo ancestral! Mesmo o famoso chulé não cheira a chulé…é algo que…podemos beijar!
Afirmo novamente, o cheiro dos nossos filhos é completamente diferente…é algo ancestral! Mesmo o famoso chulé não cheira a chulé…é algo que…podemos beijar!
A verdade é que nunca, em momento
algum, senti repulsa por qualquer cheiro da minha filha. Aliás…adoro sentir o
odor do seu corpo quando adormece no meu peito, o aroma que emana dos cabelos,
mesmo que por lavar nos dias que findam!!!
Troquei milhares de fraldas e nunca, em momento algum, vacilei. Porra…que herói!
Mas é nossa filha, com a breca! O cheiro de um recém nascido é incomparável. Habita todo o lar nos primeiros dias, roupas, sofás, cortinas, e trás muita paz…sobretudo sufoca-nos de tanta paz.
Troquei milhares de fraldas e nunca, em momento algum, vacilei. Porra…que herói!
Mas é nossa filha, com a breca! O cheiro de um recém nascido é incomparável. Habita todo o lar nos primeiros dias, roupas, sofás, cortinas, e trás muita paz…sobretudo sufoca-nos de tanta paz.
Mas isso era no princípio dos tempos…e no princípio era o Verbo e o Verbo foi sentar-me ontem no banco do carro,
preocupado com o calor excessivo do dia e após acondicionar a princesa na sua
poltrona avermelhada, rumei, tranquilo, em busca do conforto fresco do lar.
O ritual repetiu-se:
- Filha, como correu a escola?
Brincaste muito? O XPTO chateou-te outra vez ou trataste do assunto? Comeste
bem? O que comeste?
Nesse preciso instante, o sinal
vermelho foi complacente e prolongou-se quase ad aeternum…ouvi um sorriso maroto
e a frase galgou o habitáculo:
- Papá, hoje comi um pú!!!!
Eu ouvi….e ouvi muito bem, como
aliás sempre ouço, mas naquele instante, enquanto a primeira mudança temperava,
pareceu-me ouvi pu…dim. Por isso perguntei:
- Filha, comeste o quê?
O sorriso malandro não agoirava
nada de bom, e por isso reforçou:
- Papá, hoje comi um pú!!!!
O sorriso dela quase me
contagiava e eu, pai muuuiiiitttoo tolerante, fiquei no limbo entre a comédia e
o conselho sério.
- Filha, comeste um pú??? Alguém
se levantou na tua frente e deu um pú? Foi isso?
O melhor que consegui foi uma
repetição da dose, qual restaurante português carregado na travessa.
- Papá, comi um pú!!! a XPTA deu um pú!!!
Fiquei por momentos pensativo,
entre parar o carro e rebentar de riso, ou manter o perfil cool de pai moderno.
- Filha, pelo teu sorriso, não
ficaste satisfeita…e massa, carne ou peixe? Comeste alguma coisa?
Que absurdo…uma miúda tão nova já
me leva a divagar nos conceitos e sugestões.
- Parece-me que o pú não é
interessante…tenta comer alguma coisa mais saborosa e afasta quem te “servir” o
pú… E já agora…não fales depois com ninguém…ok? Pode ser?
- Pode, papá!!!
Como soou tão forçado…ainda ontem a minha princesa era um
projecto de gente, um espermatozóide a lutar contra um óvulo, e luta
agora comigo no jogo da comédia…que pirralha temperamental!
Pergunta: O que fazer quando a filha diz que comeu algo absurdo?
Resposta: Pedir para repetir a dose sucessivamente, até enjoar…
Pesquisei na net e mais uma vez os nossos
amigos brasileiros ajudaram:
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