sábado, 1 de fevereiro de 2014

Isso não é importante!


Para mim as manhãs são sempre duras…muito duras. O meu relógio biológico é mesmo assim. Começo lentamente, num estado de letargia, mas eficiente. Tomo banho em transe, corto a barba como se a lâmina tivesse vida própria, bebo água para purificar e…continua tudo igual.
Por volta das 10h da manhã, o meu cérebro começa a dar sinais de vida “racional”…já estrutura alguns raciocínios complexos, já começa a ter vontade própria. Ao longo do dia essa actividade cerebral vai aumentando até atingir o pico por volta das 23h. Aí, com o clã feminino a dormir, ele continua activo e nesse momento parece sorrir…estás sozinho e podes dar largas à imaginação. Depois apaga-se lentamente, por volta das 2 ou 3 da manhã. É a realidade.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A ternura do toque


Sou terrivelmente insatisfeito. Desde que me conheço que sou assim, absurdamente insatisfeito. Consegui sobreviver a esta sensação fazendo o máximo de actividades, sempre diferentes e aprendendo a cada dia que passava. Sempre fiquei com a certeza de que se aprendesse algo diferente todos os dias, acabaria a minha vida terrena mais completo. E continuo a pensar assim…mas com menos tempo para mim.

A vida é perfeita na sua imperfeição. Nós é que muitas vezes não estamos minimamente atentos a nada, nem damos importância a simples momentos. Eu falo com a certeza destas palavras que escrevo, porque sou um dos que ignora muitas vezes os sinais que a vida nos dá.

Mas hoje, enquanto estava deitado ao lado da minha filha, a ver desenhos animados na televisão, senti como podemos atingir a felicidade com tão pouco, quando queremos tanto. A mão dela deslizava lentamente na palma da minha mão. Aqueles pequenos dedos, ainda mais pequenos na proporcionalidade, numa cumplicidade e ternura, deixaram-me profundamente relaxado e feliz. E quanto me comoveu e quanto me revoltou, por não saber gerir a minha insatisfação diária, quando talvez precise de tão pouco, que já é por si tanto…



quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Quando falam sobre a morte...


Hoje fiquei contido quando ouvi a minha princesa falar que o cão imaginário dela estava doente e que, se não fosse ao veterinário, poderia morrer. Assim, do nada, quando nunca em casa ouviu falar em morte, ela, claro, ouviu algures.
Nos últimos meses até decidimos não abordar o facto do gato N. ter sido abatido…mas ela perguntou, claro, e nós dissemos rapidamente que foi para um lugar dos animais velhinhos…a coisa resultou.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Como eles crescem!


Poucas palavras descrevem a rapidez evolutiva dos nossos filhos. Esta afirmação, vista aos olhos dos outros, parece baba de orgulho, mas garanto-vos que não é. São factos e os factos são expostos diariamente, são fruto do quotidiano que passa, infelizmente muitas vezes, ao largo de pais desatentos ou ausentes. Não sabem o que perdem.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A memória dos cheiros


Volto à escrita após as festas que nos consomem…a nós, pais. Mas feitas as confissões, apresento os meus sinceros e conformados pedidos de desculpa pela ausência. Não que me sinta um profícuo escritor, mas há quem se tenha habituado e queixado…eu sei. Poucos, mas fiéis… como os tempos em que vivemos.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Madiba para sempre!



Por vezes tenho a ânsia de passar todos os meus princípios e conhecimentos para a minha filha. Essa ânsia é fruto do meu drama interior, porque sinto que o tempo é precioso e que hoje não o valorizamos como devíamos. Sinto a ânsia aumentar à medida que a minha filha se desenvolve e comunga sensações e formula juízos, ideias, emoções. Ainda qua faça xixi de vez em quando e use fralda para dormir, já é um ser na formação da sua personalidade e na vontade de opinar. Para muitos pais, passará esta etapa pela rama. Para mim, é tudo. Apenas posso sugerir que não o façam, que não desperdicem o momento.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Pai, já não és o meu herói!


A ligação entre um pai e uma filha é única e indescritível. Não há dúvida alguma que essa relação permanece ao longo de milénios e deixa-nos, a nós pais, sem palavras em muitos e muitos momentos. Acredito que permanecerá mesmo com o inevitável cavalgar do tempo.
A minha filha foi construindo, ao longo dos seus curtos dois anos e meio, uma imagem de pai herói. Certamente que essa ideia foi cimentada no facto de eu estar mais presente do que a mãe, por força das circunstâncias profissionais. E há uma natural ligação entre pai e filha que nos limita. Senão vejamos: entre dar uma palmada num catraio ou numa menina (bem sei que já condicionei a perspectiva do leitor!) qual a posição de um homem? Eles põem-se a jeito, naquela natural patetice e elas, nas suas danças da “cabeça inclinada”, beicinho, mãozinhas nos joelhos e olhar descaído, não nos dão qualquer hipótese!

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