sexta-feira, 7 de março de 2014

A dor...


Hoje, aliás ontem, no dia em que o meu pai fez anos, acordei de um pesadelo. Eu tinha falecido e o meu corpo estava inerte e eu a observá-lo. Nessa angústia, o que mais me deixou amargurado, foi ver a minha filha a chorar…ela já era mais crescida e percebia o que se estava a passar…e eu não conseguia comunicar com ela.
Vi a dor dela espelhada no meu sonho. Vi, como sempre, a dor de não conseguir proteger…mas isso é impossível e nunca o poderemos ter plenamente, ainda que o quiséssemos.
Recordei o grande Torga e o poema que ele escreveu quando a mãe faleceu:

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Para a minha princesa...


Tenho uma profunda ânsia em partilhar com a minha filha pensamentos, pessoas, filosofias, princípios que regem a minha vida…bem ou mal. É certo que a cada passo que ela dá, mais eu sinto que se aproxima o momento de falar com ela, de forma perceptível, de factos, músicas, livros, poemas que marcaram a minha adolescência, juventude e idade adulta. Estes sentimentos são provas da nossa maturidade, disso não tenho dúvida, mas são também o lamento da idade. Esta semana andei a remexer no meu passado…esses efeitos de vasculhar as gavetas das casas dos pais, dos livros, dos escritos, dos poemas. Da salada russa resultou um nome que é hoje um facto…nasceu um poema e uma música nos longínquos anos 67 do século passado…de um grande “cantautor” brasileiro.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Isso não é importante!


Para mim as manhãs são sempre duras…muito duras. O meu relógio biológico é mesmo assim. Começo lentamente, num estado de letargia, mas eficiente. Tomo banho em transe, corto a barba como se a lâmina tivesse vida própria, bebo água para purificar e…continua tudo igual.
Por volta das 10h da manhã, o meu cérebro começa a dar sinais de vida “racional”…já estrutura alguns raciocínios complexos, já começa a ter vontade própria. Ao longo do dia essa actividade cerebral vai aumentando até atingir o pico por volta das 23h. Aí, com o clã feminino a dormir, ele continua activo e nesse momento parece sorrir…estás sozinho e podes dar largas à imaginação. Depois apaga-se lentamente, por volta das 2 ou 3 da manhã. É a realidade.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A ternura do toque


Sou terrivelmente insatisfeito. Desde que me conheço que sou assim, absurdamente insatisfeito. Consegui sobreviver a esta sensação fazendo o máximo de actividades, sempre diferentes e aprendendo a cada dia que passava. Sempre fiquei com a certeza de que se aprendesse algo diferente todos os dias, acabaria a minha vida terrena mais completo. E continuo a pensar assim…mas com menos tempo para mim.

A vida é perfeita na sua imperfeição. Nós é que muitas vezes não estamos minimamente atentos a nada, nem damos importância a simples momentos. Eu falo com a certeza destas palavras que escrevo, porque sou um dos que ignora muitas vezes os sinais que a vida nos dá.

Mas hoje, enquanto estava deitado ao lado da minha filha, a ver desenhos animados na televisão, senti como podemos atingir a felicidade com tão pouco, quando queremos tanto. A mão dela deslizava lentamente na palma da minha mão. Aqueles pequenos dedos, ainda mais pequenos na proporcionalidade, numa cumplicidade e ternura, deixaram-me profundamente relaxado e feliz. E quanto me comoveu e quanto me revoltou, por não saber gerir a minha insatisfação diária, quando talvez precise de tão pouco, que já é por si tanto…



quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Quando falam sobre a morte...


Hoje fiquei contido quando ouvi a minha princesa falar que o cão imaginário dela estava doente e que, se não fosse ao veterinário, poderia morrer. Assim, do nada, quando nunca em casa ouviu falar em morte, ela, claro, ouviu algures.
Nos últimos meses até decidimos não abordar o facto do gato N. ter sido abatido…mas ela perguntou, claro, e nós dissemos rapidamente que foi para um lugar dos animais velhinhos…a coisa resultou.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Como eles crescem!


Poucas palavras descrevem a rapidez evolutiva dos nossos filhos. Esta afirmação, vista aos olhos dos outros, parece baba de orgulho, mas garanto-vos que não é. São factos e os factos são expostos diariamente, são fruto do quotidiano que passa, infelizmente muitas vezes, ao largo de pais desatentos ou ausentes. Não sabem o que perdem.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A memória dos cheiros


Volto à escrita após as festas que nos consomem…a nós, pais. Mas feitas as confissões, apresento os meus sinceros e conformados pedidos de desculpa pela ausência. Não que me sinta um profícuo escritor, mas há quem se tenha habituado e queixado…eu sei. Poucos, mas fiéis… como os tempos em que vivemos.

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