Papá, o XPTO...empurrou-me!

Mais uma tarde “lamacenta” nesta cidade agitada. Fui buscar a minha filha ao infantário no horário habitual e sem grandes filas de trânsito. Entrei na sala dela como gosto sempre de fazer…muito devagar…observando ainda antes de abrir a porta, através do vidro, como o meu rebento se comporta e, principalmente, se está com um ar feliz. Desta feita, estava a um canto, a brincar com uma boneca, e parecia amuada. Quando entrei, ela gritou papá, correu para os meus braços e disparou:

- Papá, o XPTO empurrou-me!

É parecida com o pai, é parecida com a mãe…

Amigos pais, futuros e os que nunca serão. Há um momento na nossa vida em que perdemos o controlo de uma certeza absoluta…se uma filha é nossa ou não, apenas a mãe sabe ou um papel de teste de DNA. Pois é…cada um acredita ao seu jeito nas palavras emocionadas da sua companheira quando diz que vamos ser pais ou quando ajudamos a “regar” o teste de gravidez no quarto de banho. Cada um acredita nas suas convicções e eu acreditei.

Você sente-se bem???

O olhar era penetrante, mas não era um olhar de cinema, de vilão...era um olhar perscrutador, que me invadia até ao mais recôndito da minha alma. Essa pessoa estava ao meu lado, como um cão de fila, atenta, e, volta e meia, soprava:

- Você sente-se bem?

Eu respondia:

- Sim, sinto-me.

O carro blindado…

Recordo-me que uma das primeiras sensações de pânico que tive após o nascimento da minha filha foi o dia em que a fui buscar de carro ao Hospital. Para além de já me encontrar desgastado pela intensidade do “curso de montagem de baby cocks” e a incerteza de que tudo corra na perfeição, a emoção de transportar ao teu lado algo tão precioso, que passou a ocupar o lugar número um nas tuas listas de prioridades e coração, deixa-te a transpirar.

Em jeito de Introitus...

Hoje decidi começar a escrever um blog que tem por objectivo, para além de eu puder desabafar para potenciais leitores que não conheço, o que me dá algum conforto emocional, partilhar a minha experiência como pai. Sim, sou pai de uma linda menina e deveria ter começado a escrever este blog no dia em que ela nasceu…mas a vida muda tanto quando somos pais, que o tempo para a escrita começa quando sentimos o enorme prazer de não acordar durante a noite.